GOLGO 13 (1973)

Incapaz de deter Max Boa - poderoso chefe de uma organização criminosa especializada em tráfico de drogas, armas e mulheres -, a polícia secreta de um determinado país apela a um método insólito: a contratação de um assassino de aluguel para encontrá-lo e eliminá-lo no Irã. A missão parece impossível. Além de possuir capangas e poder de fogo, como de praxe, o alvo nunca foi visto, logo pouca gente conhece sua aparência. Um antagonista desafiador. 

Porém aquele que foi designado para matá-lo também não é um qualquer. Conhecido como Golgo 13/Duke Togo, quase nada se sabe sobre esse atirador. Data de nascimento, nome verdadeiro, nacionalidade, idade... tudo é desconhecido. A única certeza sobre ele é o fato de ser extremamente bom naquilo que faz, a ponto de nunca ter falhado no cumprimento de seus contratos. 











Baseado no mangá homônimo de Takao Saito, Golgo 13 (1973) é o primeiro live-action do personagem e funciona bem como uma adaptação.  A trama em si é uma manifestação dessa fidelidade. Como na história em quadrinhos, o que movimenta o enredo é Duke tentando atingir seu alvo e, consequentemente, lidando com imbróglios que aparecem pelo caminho. O diretor Junyo Sato conseguiu captar padrões presentes na arte sequencial e, habilmente, narrá-los numa linguagem de cinema. Até os adversários, que Duke Togo enfrenta, possuem peculiaridade inspirada na obra original, o que acaba realçando características de um filme B. Há, por exemplo, um assassino caricato que tenta pegá-lo de surpresa, sacando uma arma de sua perna falsa.

Entretanto, não foi uma adaptação fácil e ela tem suas falhas. Saito havia escrito um roteiro que não foi utilizado pelo diretor. O produto final saiu diferente do que o autor original imaginou - motivo pelo qual ele não teria gostado do filme. O mangá apresenta histórias fechadas e independentes consideradas como relativamente "curtas" e "boas apenas para leitura". Não serviriam para ocupar o tempo necessário que se exige de um longa-metragem. O esforço e dificuldade do roteirista em encaixar um enredo de Golgo 13 em 1h44min acabaram gerando, por ironia, alguns minutos maçantes e desinteressantes. Todavia logo "acelera", como esperado.

O singular em Golgo 13 é a sua capacidade de fazer coisas impressionantes, assim como alguns de seus adversários também são formidáveis. O protagonista pode parecer invencível, mas nem sempre ele triunfa com facilidade. E o live-action adapta esse paradigma. Destaque para o duelo de Duke com um atirador cego no escuro. Ou o embate contra um capanga disparando de um helicóptero. 

Ken Takakura no papel de Duke Togo é outro aspecto positivo. Ele se encaixou perfeitamente. Em todo o filme, ele exala a frieza, a falta de empatia e a virilidade que se espera de alguém que vai interpretar o assassino mais carrancudo dos quadrinhos. O fato de ser o único ator japonês num elenco cuja maioria é de atores iranianos (dublados por japoneses) acabou sendo outro ponto a favor. Saito não queria que a história fosse filmada no Japão. A trama ficou autenticamente internacional, como são as missões de Golgo 13: se passa no Irã Imperial e no Japão, com predominância no país do Oriente Médio.

Assista gratuitamente (legendas em inglês) clicando aqui

Roni Pereira, jornalista residente em Salvador/BA

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