Roteiros de Stan Lee tinham como característica a humanização dos super-heróis

Resultado de imagem para stan lee lutoO escritor, ator, quadrinista e editor da Marvel Comics, Stan Lee, faleceu nesta segunda-feira (12/11), aos  95 anos. Segundo informações do site TMZ, Lee se sentiu mal em casa e foi socorrido por uma ambulância que o levou ao hospital Cedars-Sinai Medical Center, onde ele não resistiu e faleceu. A causa da morte ainda não foi divulgada. Lee é conhecido por ter criado personagens e grupos fictícios de super-heróis como Homem-Aranha, os X-men, Quarteto Fantástico, Hulk, Os Vingadores, entre outros. A humanização dos super-heróis era a característica principal de seus roteiros.
Stanley Martin Lieber, conhecido como Stan Lee, nasceu em 28 de dezembro de 1922, em Nova York, mesmo local onde  começou a carreira no mundo editoral. Em 1939, ele se juntou à Timely Comics, empresa de histórias em quadrinhos que passou a se chamar Marvel Comics posteriormente. Entre 1942-1972, Lee exerceu o cargo de diretor editoral do empreendimento, mas foi a partir de 1961, com a criação do Quarteto Fantástico, que ele começou a construir brilhante carreira como escritor da nona arte.
O enredo da primeira história deste time de super-heróis utilizou das convenções mais básicas da ficção científica: quatro astronautas são expostos a raios cósmicos e ganham superpoderes. Depois, usam dessas novas habilidades para derrotar ameaças e salvar o dia. Esta era a estrutura elementar de qualquer história de quadrinhos de super-heróis na chamada "Golden Age of Comic Books" (1936-1950): personagens poderosos, sem fraquezas e imutáveis tanto em personalidade, quanto em aparência, que derrotam antagonistas ambiciosos em destruir ou conquistar o planeta ou qualquer outra coisa. Lee renovou o arcabouço ao criar super-heróis com fraquezas e defeitos humanos, além de mutáveis (poderiam envelhecer) e capazes de se desenvolver como se fossem pessoas reais. A família que protagoniza as histórias de "Quarteto Fantástico" está longe de ser aquele estereótipo familiar que se encontra em retratos mofados na parede, pois está próxima da disfuncionalidade (há brigas e até ressentimentos entre os membros), ainda que tenha relação amorosa.
Mas é com Homem-Aranha (1962) que Lee expressa mais abertamente seu estilo de criar super-heróis humanizados e "realistas", pelo menos no quesito psicológico. Difícil encontrar algum leitor que não se identifique com o protagonista Peter Parker - que tornou-se o cabeça de teia depois de ter sido mordido por uma aranha radioativa -, um jovem inseguro e instável como qualquer adolescente. Os superpoderes de Parker são, ao mesmo tempo, uma benção e uma maldição - assim como lhe ajudam a impedir ameaças, lhe prejudicam no âmbito pessoal.
Em X-men (1963), temas como preconceito e discriminação permeavam as histórias. Minorias sexuais e étnicas da vida real se identificam com os mutantes (tanto os heróis quanto os vilões) que, por causa das habilidades especiais e incomuns, são vistos com desconfiança pela sociedade. Os X-men entram em conflito não apenas com outros mutantes, mas também com humanos extremistas, tanto fisicamente, como politicamente.
Até mesmo Hulk (1962) é um super-herói "humano", apesar da aparência monstruosa que, segundo o escritor Adam Roberts, é uma reformulação em quadrinhos da mistura do monstro de "O Médico e o Monstro" com a aberração horrenda criada pelo Dr. Frankenstein no filme "Frankenstein" (1931). O grandalhão verde passava a imagem de durão e assustador, mas tinha personalidade inocente quando era roteirizado por Lee.
Aparentemente não há biografias perfeitas. Ao longo da vida, Stan Lee esteve envolvido em polêmicas, algumas bastante graves. Em janeiro e abril deste ano, duas enfermeiras que trabalharam em sua casa e uma massagista o acusaram de assédio sexual. Ele negou tudo. Também esteve vulnerável a outros problemas: o TMZ afirma que ele já foi agredido e roubado por um segurança; o mesmo site informa que um ex-colega de trabalho teria roubado frascos com sangue de Lee para vender canetas; e a filha o maltratava ao pedir dinheiro. Como seus super-heróis, Stan Lee era humano. 
Autor: Roni Pereira

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