Edens Zero é combinação de ficção científica soft com shonen


Roni Pereira              
                      
Shiki Granbell conviveu toda sua vida com robôs dentro de um planeta na forma de um parque temático abandonado no cosmos. Posteriormente, os habitantes deste corpo celeste recebem a visita de dois viajantes espaciais – uma garota chamada Rebecca e seu gato mecânico chamado Happy -, que Shiki faz amizade. Os robôs ficam vingativos e hostis aos visitantes e prendem Rebecca. Para salvar os novos amigos, Shiki precisa entrar em confronto com as máquinas. Esse é o enredo do "shonen" Edens Zero, de Hiro Mashima (Fairy Tail).
A demografia “shonen” é caracterizada por protagonistas jovens, masculinos e idealistas que se envolvem em conflitos maniqueístas e são acompanhados pelas “heroínas” e outros aliados em aventuras que se estendem por capítulos até o fim da história – no decorrer do mangá, o personagem principal e os coadjuvantes se desenvolvem, assim como os antagonistas vão ficando mais fortes. Em Edens Zero, Mashima conta uma história de ficção científica soft, mas dentro do que exige a linha editorial da revista onde ele trabalha, a Weekly Shonen Jump.
Shiki e Rebecca se aventuram pelo universo através de conceitos que remetem à astronomia e física, como a gravidade e a viagem interestelar (Edens Zero é o nome de uma nave de guerra interestelar que pertencia ao avô do protagonista). Todavia Mashima é o discípulo eterno de Akira Toriyama.
Dragon Ball é um shonen influente em que há mistura de gêneros, a ficção científica planetária e robótica estão nela, por isso Goku e seus amigos já fizeram viagens espaciais e lutaram com máquinas malignas. Mas os planetas, astronaves e robôs (ou androides) mostrados na obra de Toriyama são puramente frutos da imaginação do autor – quase nenhum desses itens que estão no conjunto da obra tem alguma relação com a realidade –, o mesmo pode ser dito de Edens Zero. Por exemplo, nesse volume o leitor fica sabendo de um planeta chamado “Blue Garden”, reduto de aventureiros espaciais.
A ficção científica soft se explicita neste detalhe. O caráter excessivamente romântico da demografia “shonen” não permite que se produza alguma obra com rigor científico para a Shonen Jump. Mashima coletou e introduziu, ainda que superficialmente, ideias da física e astronomia para criar um mangá de ação e aventura espacial e interplanetária. Destaque para o clímax do capítulo 1, em que há o embate entre Shiki e os robôs – o ataque usado pelo personagem principal referencia outro conceito da física. Para quem se agrada com o “padrão shonen” de conflitos, vai se sentir interessado em acompanhar o restante do mangá.
O problema, talvez, esteja naquilo que se entende por “padrão Mashima”. Se o “shonen” de combate tem heróis poderosos que salvam o dia como principal característica, as obras do autor de Edens Zero contêm uma fórmula repetida: heróis com personalidade desajeitada, heroínas atraentes e mascotes pequenos e fofos que sempre os acompanham. Em Fairy Tail, Rave Master e até em algumas histórias curtas de Mashima se enxerga esse padrão. Não que isso comprometa Edens Zero, mas o leitor pode acabar se enjoando desse modelo.

Edens Zero 1
Editora: Kodansha USA
História e arte: Hiro Mashima 

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